NFTs usam blockchain para “certificar” compra de itens virtuais e criam novas oportunidades de mercado

Wayra Brasil
6 min readMar 23, 2022

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Os NFTs estão longe de ser algo que apenas os mais ligados em tecnologia estão de olho. Celebridades do mundo todo — incluindo Neymar! — já investiram na compra destes ativos digitais, o que demonstra o potencial de sucesso do formato, que permite vender itens virtuais de maneira exclusiva.

A sigla refere-se à Non-Fungible Tokens (ou tokens não fungíveis, na tradução), nome dado ao processo de criação de propriedade única e exclusiva para itens digitais. O conceito de fungibilidade, conhecido no direito, refere-se à capacidade de um item de ser substituído por outro de igual valor, como acontece com as notas de dinheiro ou até com unidades de criptomoedas. Uma nota de R$ 50 é sempre igual em valor a qualquer outra nota de R$50. No entanto, ativos não fungíveis são exclusivos e não conseguem ser substituídos por outro de igual valor. Um exemplo bastante utilizado são os originais de obras de arte. Por mais que possamos comprar gravuras ou impressões da Monalisa, a tela original disponível no Louvre é insubstituível (e, portanto, não-fungível).

A novidade dos NFTs tem a ver com a capacidade de associar uma exclusividade de propriedade de um item digital, ainda que cópias possam continuar circulando e sendo distribuídas online. A criação de um NFT é feita com base na tecnologia do blockchain, que mantém um rastro verificável das transações de trocas de propriedade e associam uma identidade digital (uma carteira) como dono daquele item virtual.

Artistas digitais estiveram entre os primeiros a embarcar na onda do NFT, especialmente por conta da histórica dificuldade que eles têm em evitar que suas criações sejam copiadas e distribuídas sem que tenham quaisquer ganhos. Por meio do NFT, ilustrações ou produções audiovisuais ganham o equivalente a um “selo de autenticidade” para o arquivo original, o que permite comercializá-lo como um item único e exclusivo. É o caso da propriedade do item 6633 do Bored Ape Yacht Club, da famosa coleção de arte NFT, que faz parte da carteira de EneJayVault, do brasileiro Neymar Jr.

Escassez artificial para o digital?

Qualquer pessoa pode hoje criar um NFT de qualquer coisa digital que lhe interessar. Além de itens artísticos, como ilustrações e fotografias, também é possível criar originais exclusivos de vídeos, áudios e até de tweets! Contudo, apesar da inovação que traz, o NFT ainda é tema de debates acalorados sobre a necessidade da sua existência. Isso porque alguns especialistas defendem que o NFT estaria criando uma escassez artificial de itens digitais.

No entendimento destes experts, originais de arte como a Monalisa, por exemplo, oferecem uma qualidade e uma materialidade específica e exclusiva, ao passo que um original de uma arte digital pode, via de regra, ter a mesma resolução e qualidade de uma cópia não autêntica.

E se o item original (que é comercializado via NFT) não tem nenhuma diferença na comparação com uma de suas cópias, será que o NFT não estaria “inventando” uma escassez que combina pouco com a capacidade de reprodutibilidade técnica dos dias atuais? Talvez. Ainda assim, a proposta de criar propriedade de itens digitais pode abrir novas e inéditas oportunidades de mercado.

Novo mercado de itens exclusivos e com grande valor agregado

Enquanto os experts discutem se a escassez é ou não justa e benéfica para a sociedade, artistas, galeristas e intermediadores têm se dedicado a criar lojas especializadas na venda de NFT, o que tem conquistado considerável sucesso. Uma das primeiras artistas a aproveitar a tendência foi a cantora Grimes, que criou NFTs de algumas de suas obras de arte digitais e levou-as a leilão, arrecadando mais de 6 milhões de dólares.

Outros artistas também têm apostado em estratégias de exclusividade para seus produtos artísticos, como foi o caso da banda Kings of Leon, que “tokenizou” um de seus álbuns para vendê-lo como um NFT, em alguns casos incluindo, além de propriedade certificada do álbum, o direito a alguns mimos, como o acesso à primeira fila em shows da banda. Até memes e tweets, como a primeira postagem de Jack Dorsey, ex-CEO do Twitter, foram tokenizados e vendidos como NFT por milhares e até milhões de dólares.

Quem compra um NFT ganha o direito de se dizer dono daquela obra ou item digital de maneira pública e transparente, por conta da rastreabilidade das transações do blockchain. Essa capacidade dos NFTs tem sido vista como oportunidade não apenas para artistas, que valorizam e comercializam seus originais, mas também para o mercado de games e para o metaverso. Isso porque seria possível criar NFTs de itens digitais como skins de games ou itens para avatares em metaversos, que poderão ser vendidos de maneira exclusiva para os interessados, sem nem mesmo a necessidade de uma contrapartida no mundo real. Seria o equivalente de adquirir um Rolex ou uma bolsa Channel para o seu avatar no metaverso, com transações verificáveis e auditáveis via blockchain. E, ainda por cima, como uma grande chance de valorização, o que viabiliza um outro importante flanco de mercado: os investimentos em NFT.

Comprar, vender, investir

Assim como um proprietário de uma obra de arte não adquire com ela os direitos autorais do artista, o mesmo vale para os NFTs. No entanto, ainda que não tenham acesso à comercialização dos direitos da arte, os proprietários de NFTs ganham a oportunidade de transacionar aquele item conforme sua valorização. Com isso, há um nascente mercado de investimentos em NFTs surgindo no horizonte.

A venda de NFTs costuma ser feita em marketplaces especializados, como OpenSea, Binance NFT, Coinbase NFT, FTX NFTs, Magic Eden, Rarible e Zora. Como se fossem o equivalente de galerias de arte, estes marketplaces exibem as obras que estão em seus catálogos e permitem que os interessados façam ofertas para arrematar os NFTs que estão em leilão, utilizando o saldo disponível em suas carteiras digitais de criptomoedas, como MetaMask, Coinbase ou Math Wallet. Investidores que já têm carteiras digitais configuradas conseguem participar de ofertas em questão de poucos minutos, recebendo a propriedade da obra digital caso arrematem o leilão.

Comprar e vender NFT se torna uma oportunidade de investimento especulativo, que apesar da chance de rentabilidade sem limites, também traz consigo o potencial de perdas altíssimas e baixa liquidez, já que o processo de venda dos NFTs, que é feito via leilão, pode demorar algum tempo para acontecer. Por isso, por mais convidativa que essa nova opção de investimentos possa parecer, a recomendação é que ela seja utilizada apenas por investidores mais arrojados, dispostos a correr os riscos que podem envolver ganhos surpreendentes ou perdas dramáticas. Quem não conhece e não tem experiência, não deve se aventurar nesse mundo antes de pesquisar e conhecer melhor como funciona.

Alto potencial

Potencializado pela tecnologia do blockchain, o NFT ainda é um formato muito novo, que aos poucos está buscando oportunidades de aplicabilidade e encontrando formas de profissionalização. A usabilidade dos sistemas ainda é complexa para um consumidor médio e o setor segue lidando com os entraves do baixo entendimento e do ceticismo do público.

No entanto, junto com a grande instabilidade que lhe rodeia, o NFT sinaliza para uma potencial alteração das dinâmicas do mercado, que poderá ser transformado pela possibilidade de propriedade de itens digitais, especialmente em ambientes digitais do futuro, como o metaverso ou a web3.

Assim como fez com outras inovações que foram emergentes em um passado recente, a Wayra segue em busca de conhecer as tecnologias disruptivas que vão impactar o nosso futuro digital.

Até dia 25/03, por meio do Open2Metaverse, a Wayra estará dedicada a conhecer startups que tenham iniciativas relacionadas a esse novo mundo que está por surgir, com o uso de realidade virtual (VR) ou aumentada (AR), jogos, experiências sociais digitais, ferramentas de identidade, NFTs e marketplaces voltados para a web3.

Esse é o primeiro projeto em escala global da Wayra, envolvendo 7 hubs de inovação aberta do mundo todo, incluindo a participação da Telefónica Ventures e da Wayra X — para participar, basta acessar o site Open2Metaverse e fazer a sua inscrição.

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