Com IoT e câmeras interconectadas, startup Gabriel cria infraestrutura de monitoramento para tornar cidades brasileiras mais seguras

Wayra Brasil
5 min readApr 4, 2022

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Monitorar as ruas de grandes cidades de forma eficiente é um dos principais desafios de segurança pública. Infelizmente, as metrópoles brasileiras ainda apresentam infraestrutura precária e pouco confiável, o que abre brechas para atitudes de pessoas mal intencionadas. Percebendo essa lacuna, a startup brasileira Gabriel se tornou um “anjo” na vida de cariocas e paulistanos, criando uma rede integrada de câmeras inteligentes e de baixo custo que monitora as atividades em bairros inteiros e encaminha denúncias ao poder público de maneira ágil e assertiva.

Com um modelo de negócios com base em assinaturas, a startup que leva nome de arcanjo protetor funciona como um serviço adicional de segurança para edificações residenciais e comerciais. Além do comodato de câmeras inteligentes, a Gabriel fornece acesso a um app dedicado em que os usuários podem solicitar o apoio da Central da empresa a qualquer momento do dia ou da noite.

Após o sucesso obtido em bairros das maiores capitais brasileiras, a Gabriel agora se prepara para expandir a capilaridade da sua rede. “Estamos construindo uma infraestrutura de videomonitoramento que será maior do que a de qualquer capital brasileira tem ou terá no futuro”, promete Otávio Miranda, co-fundador da startup.

Conforme conquista assinantes e instala novas câmeras, a rede de segurança da Gabriel ganha robustez o suficiente a ponto de conseguir cuidar de ruas ou até bairros em sua totalidade. Isso significa que quanto mais a cobertura da Gabriel se expande, mais eficaz ela se torna no rastreamento de ocorrências e na solução de problemas na vizinhança.

Quando os incidentes são confirmados e detectados pelas imagens captadas, a Gabriel reporta às autoridades competentes por meio de notificações extrajudiciais. Esse processo tem auxiliado na melhoria da eficiência das investigações policiais — que ao invés de levarem semanas, podem acontecer em um par de horas — e também para desfazer dúvidas em casos de falsas acusações. “Já tivemos situações em que nossos dados mostraram que a suspeição da polícia não era verídica.”, rememora Miranda.

Hoje, a startup conta com mais câmeras do que a Prefeitura ou o Estado do Rio de Janeiro têm na cidade, capacidade tecnológica que levou a startup a colaborar com a polícia em mais de 300 investigações. Muitas das colaborações com o poder público nascem a partir de denúncia dos usuários da Gabriel, que então faz pesquisas em sua rede. “Construímos uma infraestrutura que dá transparência para o que acontece nas ruas e garante a segurança das pessoas com o uso de inteligência, gerando um benefício público sem custo para o governo ou para o contribuinte”, celebra o empreendedor.

Ideia brasileira que nasceu na China

Os fundadores Erick Coser, Sérgio Andrade e Otávio Miranda, todos brasileiros, se conheceram do outro lado do mundo, na China. A vivência naquele país fez com que os co-fundadores observassem na vida cotidiana os impactos da revolução tecnológica que a China viveu na última década, além de terem aprendido na prática a importância de pensar e executar melhorias de forma rápida.

“Fomos forjados em um meio com centenas de pessoas tentando resolver o mesmo problema. Essa competição hiperveloz faz as ideias vencedoras ficarem evidentes em um curto espaço de tempo, e isso moldou a nossa cabeça”, revela Miranda.

O estudo e a pesquisa fora do país ajudaram a consolidar a visão de mundo dos fundadores, que então delinearam a proposta de negócio da Gabriel. Ainda que a inspiração tenha surgido em solo chinês, eles fizeram questão de retornar ao Brasil para realizar o sonho de empreender. “Começamos pelo Rio de Janeiro porque, além de ser uma cidade querida, ela também é excelente para testar as premissas de uma startup de tecnologia aplicada à segurança, já que o Rio de Janeiro é uma capital desigual, com zonas socialmente expostas, onde a percepção de insegurança é mais evidente”, detalha Miranda.

Com um claro problema de segurança pública, a capital carioca representava também a chance de colocar o protótipo da Gabriel à prova. Se a startup funcionasse bem em bairros cariocas, teria grandes chances de dar certo em outras regiões do país. E deu muito, muito certo.

Infraestrutura de monitoramento que preza pela privacidade

A tecnologia de monitoramento traz benefícios para a segurança pública, mas também levanta questões importantes relativas ao vigilantismo e ao punitivismo. Atentas ao assunto, as lideranças da Gabriel observam que o debate contemporâneo sobre a hipervigilância como algo essencial para nortear a procura por mais segurança nas cidades da América Latina e de todo o planeta. Afinal, é preciso garantir que a infraestrutura de monitoramento seja ética e justa, aspecto em que a experiência pessoal dos fundadores se entranha com os cuidados de privacidade da startup.

Otávio Miranda conta ter sentido na pele os impactos que um monitoramento equivocado pode causar, rememorando um episódio em que foi injustamente detido pelas autoridades chinesas. Essa memória colabora para que os fundadores tenham cuidados redobrados para evitar que mal entendidos como aquele venham a acontecer dentro da Gabriel, que mantém a privacidade das pessoas em alta conta e se certifica de garantir a transparência tanto para os usuários quanto para o poder público.

“Todos os usuários da Gabriel podem solicitar e conferir suas próprias imagens na nossa rede, e sempre cuidamos para ‘desidentificar’ as imagens que são tornadas públicas”, reforça Miranda, detalhando o processo que envolve a inclusão de tarjas ou borrões para tornar pessoas não identificáveis nos trechos de imagens que são compartilhados com terceiros ou com as autoridades, sempre seguindo todo o protocolo jurídico. “É importante saber o que acontece nas nossas ruas, mas isso não significa dar a chance de individualizar ou identificar alguém de forma desnecessária”, defende o empreendedor.

A dedicação da startup na proteção da privacidade aponta para um caminho do meio entre a ausência e o excesso de vigilância, criando um modelo de monitoramento ético e responsável. “Nosso foco é monitorar de maneira transparente, sem desproteger o direito das pessoas à privacidade”, reforça Miranda.

Escalada promete adensamento da cobertura de segurança

Com a chegada de aportes importantes vindos de novos investidores, como o Softbank e a Wayra, a Gabriel se prepara para uma forte escalada em 2022. O objetivo é se tornar a principal empresa do Brasil a promover segurança pública e proteção com inteligência.

E o primeiro passo nessa direção é garantir que a cobertura seja a melhor possível, o que envolve adensar áreas onde a Gabriel já está presente. “O suporte dos nossos investidores será fundamental nessa nova fase, inclusive da Wayra, que por meio da Telefónica poderá nos auxiliar a refinar nosso produto, que envolve a conectividade e a Internet das Coisas (IoT) o tempo todo”, revela Miranda.

No que depender da garra e da visão dos empreendedores, o Brasil está em vias de ganhar um circuito de imagens e monitoramento comprometido com a segurança de todas as pessoas. Entre os beneficiários estão não só os usuários da Gabriel ou quem reside nas áreas monitoradas, mas também as autoridades e forças públicas de segurança, que ganham um apoio tecnológico importante para transformar os passeios por nossas ruas em uma experiência mais segura e confiável.

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